Desta cadeira que me sentei, no HMS Belfast, saiu a ordem para um dos primeiros disparos no Dia D, o ataque dos Aliados contra as forças alemãs na Normandia, que abriu caminho para o fim da II Guerra Mundial no ocidente.
A atuação do HMS Belfast foi determinante nesta batalha. Carro-chefe de um dos setores estratégicos, seus disparos ajudaram a neutralizar os ataques alemães e permitiram o desembarque de soldados aliados em território francês, que mesmo com muitas baixas, obtiveram sucesso.
O Cenário era brutal e difícil de narrar. No filme “O Resgate do Soldado Ryan”, durante os 20 minutos iniciais, você é levado a sentir justamente este momento no Dia D. O longo e tenso início do filme te transporta para a maior invasão marítima da história. São tiros e bombas que partem de todos os lados. Corpos e membros flutuam num mar vermelho de sangue, e enquanto você tenta avançar e se proteger, na sua mente fica apenas a certeza de que não tem qualquer chance de sair vivo dali.
Se você ainda não assistiu a este filme, assista!
Estar em um importante navio de guerra traz um misto de tristeza em saber quantas vidas foram tiradas a partir desta sala de comando, mas também, ao mesmo tempo, uma sensação de justiça e redenção em saber que muitas vidas também foram salvas desta mesma cadeira.
A França estava sob o domínio de Hitler há 2 anos. Os franceses sofriam com a invasão alemã e desejavam sua liberdade assim como boa parte da Europa que foi invadida e tomada pelos nazistas. O Dia D foi um momento determinante para o fim da II Guerra Mundial, e um grande feito estratégico e logístico, pois devolveu a liberdade à França e abriu caminho para a derrocada nazista na Europa.
A invasão da Normandia contou com cerca de 5.000 navios com soldados e 2 mil navios de guerra, 5.500 aviões e 160 mil soldados (incluindo 13 mil paraquedistas) dos EUA, Grã-Bretanha e Canadá que cruzaram o Canal da Mancha, vindos da Inglaterra, para iniciar a operação Overlord, cujo objetivo era expulsar os nazistas do oeste europeu. A campanha durou quase 90 dias e foi a maior invasão em mar da história contando com mais de 3 milhões de soldados com um custo de 445 mil vidas (entre soldados e civis).
Antes de participar desta que seria sua mais importante missão, o HMS Belfast serviu como patrulheiro da costa britânica defendendo de invasões alemãs pelo mar. Em uma destas patrulhas ele foi atingido por uma mina marítima, ficou muito danificado e passou por um longo período de restauro. Recebeu o que tinha melhor em tecnologia e armamentos e voltou à guerra como o mais poderoso cruzador marítimo da época.
Participou ativamente também do ataque que neutralizou o cruzador alemão Scharnhorst que havia participado de ações que afundaram outros navios e até um porta-aviões dos Aliados.
HSM significa – Her Majety’s Ship (Navio da Vossa Majestade) e Belfast é uma homenagem à capital da Irlanda do Norte, parte do Reino Unido. Esta embarcação tem capacidade para 950 marinheiros e uma completa infraestrutura com enfermaria, lavanderia, dormitórios, restaurantes e até um bar onde era possível comprar bebidas, chocolates e cigarros.
O navio ainda atuou na Guerra da Coreia e, posteriormente, em inúmeras ações de paz até ser aposentado em 1963. Em 1971, o HMS Belfast foi transformado em museu numa iniciativa do Imperial War Museums para preservar pelo menos um navio cruzador da Segunda Guerra Mundial.
“A guerra é uma invenção da mente humana; e a mente humana também pode inventar a paz.”
Winston Churchill (Primeiro Ministro Britânico e um dos nomes mais importantes na vitória dos Aliados na II Guerra Mundial)
Caso algum dia você venha visitar Londres e acabe se deparando com um navio antigo ancorado às margens do rio Tâmisa, saiba que ele não é apenas um antigo navio-museu a ser visitado, ele é uma importantíssima parte da história que teve participações importantes para o mundo livre, que eu e você usufruímos hoje.
Sentar nesta cadeira, definitivamente, foi uma viagem na história.