O café mais caro do mundo, e segundo especialistas o também mais saboroso que existe, é feito de fezes de um animal. Sim, feito de cocô! E eu provei! Conheça agora esta iguaria da Indonésia.
Café Civeta
Kopi significa “café” e Luwak “civeta”, um animal típico da Indonésia. Trata-se de um mamífero que lembra o nosso quati. Ele é dócil e muito curioso, mas sua principal característica mesmo é sua alimentação: ele come café, mas não todo. Ele come apenas os frutos mais maduros, doces e avermelhados do café, retirando toda a polpa e deixando o grão do café intacto.
O café é considerado um dos mais caros do mundo. O quilo no mercado poderá custar até 1 mil dólares. Naturalmente que lá foi muito mais barato, mas uma xícara custa cerca de 25 dólares, é bem caro, mas vale a experiência.
Em 2004 um italiano chamado Massimo Marcone realizou um estudo para verificar o motivo deste café ser tão especial e desejado. Segundo Massimo, o segredo do sabor inigualável está nas enzimas digestivas e nas bactérias do intestino do animal que realizam um processo de modificação do grão semelhante ao utilizado na indústria, porém, deixando um sabor inigualável. Mas calma, segundo este mesmo estudo, estas bactérias e todo o processo não apresentam nenhum risco à saúde. É meio nojento, mas é seguro. Já o sabor é “uma mistura de chocolate e suco de uva. Menos ácido e amargo do que os cafés comuns”, descreve Marcone.
A história do café civeta não é muito bem documentada, mas acredita-se que este tipo de produção foi iniciado há cerca de 200 anos nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawese (atual Indonésia), com plantações de café feitas pelo homem e onde esses animais vivem. A hipótese é de que, para evitar desperdícios, eles pegavam os grãos dos excrementos das civetas e, ao reaproveitarem, notaram um sabor diferenciado e começaram a consumi-lo.
O alto valor do quilo do café está ligado à sua produção limitada. Apenas cerca de 230 quilos são produzidos por ano.
O Processo
O lugar que escolhemos para provar o Kopi Luwak foi o Jajebali na região de Seminyak, em Bali na Indonésia.
Depois de interagir com o bichinho e conhecer o processo de produção, chegou a hora de finalmente provar o café. Mas antes de começar, e enquanto aguardamos o preparo do café, é servido uma entradinha com diversos tipos de chá com uns doces que parecem massas.
Bom, como já deu para imaginar, todo o processo começa alimentando o bichinho com café. Os grão são selecionados escolhendo os mais avermelhados e maduros, e naturalmente, os mais apetitosos para ele.
Depois que ele comeu, é preciso esperar seu intestino processá-lo e então ele irá sair naturalmente, como qualquer cocô.
As fezes são coletadas e os grão são separados dos demais excrementos.
Posteriormente, os grão serão torrados…
Moídos…
Peneirados…
E estarão prontos para o consumo.
Um detalhe interessante é que na Indonésia eles não coam o café, isto significa que o pó fica todo na xícara, o que compromete a apreciação para quem não está acostumado. Como eu não sou nenhum grande conhecedor de café, para mim não fez muita diferença.
Agora é só apreciar esta iguaria.
Outras Referências:
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2008/apr/11/foodanddrink.consumeraffairs
http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT883955-1719,00.html